Thursday, July 14, 2005

Pro Edulito (bicha) e Erik.

Há poucas coisas para as quais a internet é realmente útil, e quase todas envolvem pegar coisas gratuitamente quando você na verdade precisaria pagar, ver mulheres nuas, e ver mulheres nuas gratuitamente quando você na verdade precisaria pagar. Há, porém, algo que dita a diferença entre as utilidades citadas acima: as discussões na internet.

Ahhh, as discussões na internet! O prazer de responder um inimigo fazendo gracinha com o nome dele, a diversão de postar uma crítica anonima no site/blog/scrapbook de alguém... a internet provém uma dose de liberdade que seus usuários jamais poderiam obter, e permite a eles demonstrar uma agressividade que seu franzino corpo de 50 quilos não poderia de forma alguma endossar. A menos, é claro, que você goste da sensação de ter punhos encrustados no seu rosto, entortando seus óculos e nariz.

A julgar pela quantidade de pessoas que entra na internet com o propósito único de bater boca (ou seja, todas aquelas que tenham um navegador, uma conta em fóruns, um blog ou um email), seria natural que pelo menos uma fração destes soubesse discutir propriamente. À primeira vista, é o que você poderia imaginar - "tanta gente fazendo a mesma coisa por tanto tempo, deve haver alguns aí fazendo da forma certa!". É aí que a Realidade enfia sua bota entre suas nádegas: ninguém sabe discutir na internet. Ninguém.

O motivo é simples: se alguém tem tão pouca maturidade que o mero comentário de alguém (cuja opinião não afeta em nada a sua vida) é suficiente para tirar-lhe do sério, você já perdeu. Qualquer pessoa séria - o que obviamente não é o meu caso - riria ao ver alguém que ela sequer conhece a criticando.

Acho que isso se deve ao fato de que não há nada mais fácil que irritar alguém através da internet. Vejam um exemplo recente que acontece aqui mesmo:


O mistério que resta é descobrir que post o cidadão leu, porque o meu com certeza não foi. No texto que eu escrevi, em momento algum falei mal da série.Não posso criticar algo que não conheço direito, logo, não o fiz. Apenas insinuei que não gosto do livro e não estou interessado em conhecer melhor.

Mas não existem mais opiniões seguras. Falar que eu não gosto significa falar mal, e como ninguém pode falar mal de algo que o Rodrigo gosta, lá foi ele postar um comentário revoltadinho. O mais irônico de tudo é que, na opinião dele, as pessoas "devem saber do que falam antes de disparar críticas". Genial! Pena que ele não aplica o conselho a si mesmo.

Isso serve apenas para confirmar a facilidade que as pessoas tem em se irritar quando estão online.

A única forma de sair por cima numa discussão virtual é deixar os críticos baterem boca sozinho, até eles perceberem que - surpresa! - você está pouco se lixando para o que eles dizem. Ou, PIOR AINDA, a voz deles sequer chegou até você. Isso os faz pensar que são tão insignificantes que você sequer sabe que eles estão descendo o pau em você.

Todas as pessoas - não me excluo - uma hora ou outra perdem a linha e passam então a digitar trinta palavrões por minuto, como se achassem que as letrinhas que elas estão mandando pra alguém do outro lado da linha têm o poder de realmente deixar aquela pessoa chateada. Como não dá pra enfiar a mão pelo monitor e extrair alguns dentes do fulaninho à base de sopapos, só sobra agredir verbalmente.

Mas isso é muito lugar comum. Qualquer pessoa pode chegar e mandar palavrões pro seu interlocutor, isso é amador demais.

Malandragem boa mesmo é o uso de argumentos-chavões, aqueles coringas das discussões que são puxados da manga sempre que o debatedor é esperto o bastante pra notar que não tem mais o que falar, mas burro o bastante pra continuar falando.

E estas são:

"...nao tenho certeza, mas..."
O trecho acima vem sempre acompanhado de um fato fictício que o debatedor anexará, com muita má fé, no meio do seu argumento. É infalível: ou as pessoas aceitarão a baboseira e não se darão ao trabalho de checar a veracidade, ou pegarão o mentiroso no pulo, mas apenas pra receber a respostinha cara de pau "por isso que eu disse que não tinha certeza!". Admitindo desde o começo que não tinha certeza (quando na verdade ele estava claramente inventando um dado), o cara se torna imune às invetigações. Ao notar essa sacada no meio de uma discussão, cuidado: você está lidando com um enrolão profissional.

"...nao foi com essas palavras, mas ele quis dizer que..."
O sujeito primeiro fala isso, e depois cita algo que um Fulano teria supostamente dito. Neste caso, pode ter certeza que o tal Fulano quis dizer qualquer coisa, exceto o que foi atribuído a ele. Caso o tal Fulano apareça subitamente no meio da discussão para confrontar o indivíduo negando a citação, um enrolão com anos de experiência não perderá o ritmo: ele baterá o pé, reafirmará a alegação e ainda arrematará com um "não seja cínico, você falou sim". Pronto, mais um engodo bem sucedido. Nem mesmo screenshots convencerão a platéia do contrário, afinal, vivemos na era Photoshop e as bundas da Playboy não enganam mais ninguém. A credibilidade de Fulano estará permanentemente destruída.

A determinação de alguns espertinhos é tamanha que, por um momento, Fulano achará até que realmente falou o que nunca falou.

"...não foi isso que eu quis dizer..."
Dizem que o sangue de Jesus tem poder. Como nunca adquiri uma amostra para verificar cientificamente, posso afirmar categoricamente sobre alguma outra coisa que tem muito poder: um enrolão negando algo que ele mesmo tenha falado. "Não foi isso que eu quis dizer", "Não foi bem isso que eu disse" ou a mais letal variação "Não foi exatamente isso que eu falei" mata dois coelhos com uma cajadada só: o sujeito se esquiva da responsabilidade de admitir um vacilo que tenha cometido, e ainda acusa o seu oponente de ser uma mula manca que não consegue compreender a mais simples das frases. Assim como aqueles golpes de judô que meu vizinho sempre tentou me ensinar mas eu nunca entendi, essa frase protege e ao mesmo tempo contra-ataca. Ao ler esse tipo de coisa, não perca seu tempo debatendo. Desligue seu computador e vá dormir.

"...porra, mas você não sabe ler também..."
Essa é uma resposta tão utilizada que, caso seu inventor tivesse registrado a patente, estaria agora milionário. Tome cuidado, no entanto: muitas vezes este argumento é usado de forma válida, pois são comuns os casos em que alguém lê duas ou três palavras de um texto e então manda uma crítica que em nada representa o que foi falado no tal texto. Um perfeito exemplo é o screenshot alguns parágrafos acima.

Não é o caso quando se trata de gente safada. Você pode copiar EXATAMENTE o que o indivíduo falou, e mostrar que entendeu muito bem o que ele quis dizer - porra, talvez nem haja outra interpretação, mas ele ainda dirá que você está lendo de forma errada.

E qual a forma certa, você deve estar se perguntando?

Qualquer uma que não comprometa a posição do indivíduo na discussão, claro.

Quer saber? Cansei de disso. É perda de tempo debater com gente que acha que "ganha" uma discussão quem fala mais bobagens por minuto.

A partir de agora, terei apenas duas respostas padrões para esse tipo de indivíduo:

Essa


...e essa


Ambas são polivalentes e se encaixam em um grande âmbito de situações. Usem a gosto.

Caso vocês estejam interessados em saber - e eu não consigo imaginar por que não estariam - as fotografias são de Netinho Flamenguista, maranhense e dublê oficial de Satanás. As fotos foram usadas sem autorização alguma, então bem que o moleque podia me processar logo ou algo assim.

Tuesday, June 28, 2005

Prévia pro K-max

Existem poucas coisas que me põem medo na vida. Escuro, alturas, tomates, gravidez da namorada e RÁQUERES. Como todo outro blogueiro nerd, minha vida praticamente depende do meu computador; o pensamento de que algum malaco das artes informáticas pode muito bem chutar a porta dos fundos da minha máquina e aloprar o conteúdo dela é de congelar as fezes dentro do intestino. Sempre preferi distância do arquetipo "terrorista virtual", em minha concepção esse é o tipo de gente com quem eu prefiro não brincar. Quem tem cu (ainda que digital) tem medo.

Então. Por idos e vindos no orkut, fui contatado por um tal senhor Vinícius "K-Max". Como alguns de vocês devem saber, K-Max atingiu notoriedade no ano passado (ou no começo deste ano, seu cu que eu vou lembrar datas) pela sua obra de arte - o cara sequestrou trocentas comunidades no orkut, deixando a sociedade internérdica com cuequinhas molhadas e gerando cinquenta e três mil scraps furiosos por dia no perfil do maluco. O hacker não estava interessado em maldade, no entanto: a estripulia foi apenas para provar pro mundo que o orkut combinado ao IE oferece a mesma segurança que um cofre construído inteiramente com papel machê e cuspe. Aliado ao MrManson, que escreveu uma matéria sobre o caso e catapultou K-Max a notoriedade, o cara conseguiu mais divulgação ainda pro seu feito. Assim, vendeu a idéia com uma prova que convenceria até mesmo o fã mais ardoroso do Google e da Microsoft.

Mas então. No auge da putaria todo, quando praticamente o orkut inteiro falava sobre a artimanha do caar, eis que o próprio K-Max aparece do nada nos meus scraps, dizendo que gostava do HBD. Fiquei desconfiadíssimo, com medo do cara já estar passeando por dentro do meu HD. E pensava "porra, esse cara deve invadir servidores da NASA pelo Game Boy dele, o que diabos ele tá querendo comido?" Como já disse, quem tem cu tem medo.

Mas meu medo foi infundado. O cara era apenas leitor do blog e queria manter contato comigo. Acabamos nos tornamos amiguinhos de MSN e tal.

E foi aí que conheci melhor esse rapaz que pôs medo e ódio nos corações dos orkutistas. E uma das coisas que aprendi é que K-Max move há meses uma guerra silenciosa contra o Fotolog.net - que apesar de ser um serviço grande e tudo mais, ainda não conseguiu frear os avanços do ráco brazuca. Entre suas safadezas estão um script MALAQUÍSSIMO que rouba os logins alheios e permite qualquer mané (como eu, quando ele me passou o link da parada) a invadir o flog de alguém, e outro que posta mensagens em centenas de milhares de flogs internet a fora. Este segundo foi desenvolvido no intuito de se aproveitar da abrangência do fotolog.net pra divulgar eventos, sites, seja lá o que for. Tudo de uma forma brasileiríssima - ou seja, se dar bem nas costas dos outros usando esperteza superior às deles.

Então o cara precisava testar a parada. Numa conversa por MSN, ficou acertado que ele jogaria o link do HBD no negócio, só pra ver se o negócio funcionava.

E como funcionou. Bati meu recorde de visitas únicas, que antes estava estacionado em 1808 e agora catapultou pra mais de seis mil. Nos últimos três dias, tive mais visitas do que na semana passada inteira. E, claro, arrecadei o ódio gratuito de algumas centenas (por que não milhares) de fotologueiros desavisados, que não sacaram o que estava acontecendo, como pode ser conferido nos comentários aí.

E não tem como culpar o K-Max por odiar floggers. TODOS os ignóbeis que me adicionaram no MSN pra me xingar trocaram metade dos caracteres do teclado por GIFs piscantes epiléticos, que demoravam um bom tempo pra carregar e arrastavam o funcionamento da minha máquina. Tipo, procê ter uma idéia do drama, uma mina substituiu a palavra "foto" por uma câmera animada IMENSA, quase o dobro do tamanho de um ícone da área de trabalho. Nem com muita boa vontade tinha como manter uma conversa com a menina. Era mó gatinha, mas foi bloqueada e deletada assim que percebi que ela também havia trocado suas risadas "rsrsrs" por similares animadas que provavelmente mandariam mais crianças japonesas pro hospital que um episódio de Pokemon.

Incrível como as pessoas de mau gosto são atraídas pela internet. Acho que a anonimidade que a WWW oferece dá uma excitada nas suas escrotices latentes, e o indivíduo se sente livre pra fazer certas coisas que no mundo real não passariam em branco sem um soco no nariz. Na época do mirc era as letras alternando maiúsculas e minúsculas, depois chegaram os blogs com seus GIFs piscantes, que finalmente migraram pro MSN. O que virá depois? Calças boca-de-sino e cabelos afro-black-power-Jackson-5-Reginaldo-Rossi voltarão às ruas? Dá medo só de pensar.

Gente sem senso de ridículo assim merece ser zoada por todos os dias de sua insignificante existência, desculpa mesmo.

Feio? Anti-ético? Imoral? PROCESSO?

Obrigado, obrigado, obrigado, OBRIGADO.

Monday, June 27, 2005

test

Sunday, June 26, 2005

Teste

Boliche pode ser considerado um esporte? Embora a atividade inclui muitas características que geralmente configuram um esporte, como bolas, sapatos especiais e gente muito revoltada porque está levando uma surra no placar, boliche não é exatamente um negócio muito, digamos, "esportivo". Você pega uma bola, dá três passos e arremessa em direção de pinos no fim de uma pista de madeira. Aí você joga um dos pés pro lado - movimento que é uma marca registrado do boliche - e coça a bunda com a mão livre. Há algum grau de habilidade envolvida no negócio, mas daí a considerar como esporte há uma grande distância. Pô, até pra catar piolho é necessário um certo nível de habilidade, e isso não faz do meu pente fino um equipamento esportivo. Por outro lado, se até xadrez e curling são considerados esporte, talvez boliche também seja.

Não preciso explicar pra ninguém o que é xadrez (ou ao menos ESPERO que não precise), mas tenho certeza que ninguém aí sabe o que é curling. Alguém já chegou pra você e perguntou "Ei, você sabe o que é curling?" Aposto que o desespero bateria se essa situação acontecesse com você num futuro próximo, porque não há nada pior que alguém perguntar pra você o que é curling quando você não sabe o que é curling.

Então: você sabe o que é curling?

Curling!


Claro que não sabe, afinal você não mora no hemisfério norte. Curling é um tipo de coisa que só mesmo canadense poderia ter inventado, e apenas outros canadenses podem considerar um esporte sério. Curling define-se como a arte de arremessar uma pedra polida de uns vinte quilos que vai deslizando através de metros e metros de gelo, tentando se aproximar o máximo possível do centro de um alvo desenhado no chão. Mas não é só isso! Aparentemente (não tenho certeza, porque sempre que um jogo de curling começa na TV eu paro de prestar atenção e vou fazer algo mais produtivo como arremessar minhas gavetas pela janela), os competidores podem jogar suas pedras contra as dos oponentes, tirando-as do alvo. Ou seja, é quase um jogo de bola de gude no gelo.

Apenas "quase". A real natureza desse passatempo canadense vem à tona após uma análise mais cuidadosa, e você não perceberá os detalhes se não usar uma lente de aumento igual aquelas que vinha em pacotinhos de salgadinhos Elma Chips no começo dos anos 90.

O time de curling é composto - até onde sei - de três participantes. Um deles arremessa a pedrona. Agora é que vem a parte legal: os outros dois, munidos de vassouras, vão varrendo o gelo logo a frente da pedra, porque supostamente isso causa algum efeito mágico que é essencial para a trajetória de uma pedra imensa de vinte quilos deslizando com atrito desprezível numa superfície de gelo. Os varredores, que também deve acreditar em Papai Noel e políticos honestos, pensam que sua tarefa de varrer o gelo corresponde a um fator crucial no desempenho do arremessador.

Curling é, resumindo esses dois parágrafos, enxugar gelo fazendo de conta que isso é um esporte.

Ou seja, se até ISSO é considerado um esporte, boliche há de ser também. E se for, é apenas mais um deles em que sou um fracasso. Descobri isso no fim de semana passado.

A patroa e seu amigo semi-viado de infância, Casey, vieram aqui em casa no último sábado. Eles queriam fazer algo diferente. Um deles sugeriu que fôssemos jogar boliche no Neb's, um centro recreativo aqui perto. Respondi que minha agenda já estava cheia de atividades para aquela tarde, e completei dizendo que estava ocupado naquele exato momento. Os dois insistiram, então não tive escolha senão guardar o maçarico, desamarrar o Bubbles (o gato da vizinha) e segui-los.

Chegamos lá após quinze minutos de caminhada. Eu já tinha visto o lugar na minha ida pra escola, mas nunca tinha entrado lá. O prédio do Neb's fica imponentemente localizado no meio do nada, rodeado por árvores e esquilinhos. Uma placa imensa no topo do prédio, que se assemelha com um galpão imenso de três andares, anuncia ao visitante as atrações do estabelecimento: boliche (o que me pareceu ser o carro-chefe do lugar), camas elásticas, pistas de kart, sinucas, bares, arcades e algumas outras coisas que a tinta descascada na placa transformou um mistério para mim e os outros. A promessa era de muita diversão, pois fazia tempo que eu não ia a um boliche, camas elásticas, pistas de kart, sinucas, bares, arcades e algumas outras coisas.

Uma vez dentro do lugar, a primeira opção foi o tal boliche. Pagamos os cinco dólares da admissão e fomos pegar os sapatos especiais. Sim, porque boliche é algo extremamente profissional e o não-uso do equipamento adequado pode provocar ferimentos gravíssimos, como uma unha quebrada ou, Deus o livre, duas unhas quebradas. Assim sendo, a utilização dos ridículos sapatos de boliche é imperativa.

Não tive fiz firula. Ao contrário da Becca e do Casey, que passaram horas caçando sapatos que combinassem com a cor de seus olhos ou suas meias, pus no pé o primeiro par que minhas mãos alcançaram. Suponho que o sapato que eu escolhi era antes utilizado em botes salva-vidas, para facilitar que aviões de resgate sobrevoando a área a dez quilômetros de altitude localizassem vítimas de naufrágios. Minha teoria é a única explicação para a fosforescente combinação de azul-piscina com rosa-choque do sapato, além do fato de ele ser feito quase inteiramente de borracha lisa e de eu ter encontrado algas marinhas dentro dele. Também digno de nota era o terrível odor de gato morto que o sapato emanava de suas entranhas. O chulezão era um negócio de virar as tripas mesmo. Antes de calça-lo, fiz o que pude para segurar o sapato sem enfiar os dedos na parte interna, com medo de pegar alguma doença exótica.

Por um momento pensei em remover dos meus pés aquele atentado às córneas alheias, receoso de que a extravagante combinação de cores fosse também uma ofensa à minha masculinidade. Mas aí me lembrei que se preocupar com cor de sapato é que é coisa de boiolas (igual os cornos dos pais de vocês, não esqueçam), então fiquei com aquela horrorosidade mesmo.

Aí...

Saturday, May 28, 2005

Pro Fívio corno safado

Se tem uma coisa que eu realmente odeio nesse planeta, além de tomates, é gente burra. Se existe uma coisa pior do que gente burra, é gente burra que pensa ser esperta, malandra, melhor que os outros. E, finalmente, a pior coisa do mundo - sem margem de competição - é aquele grupinho de gente burra que pensa ser esperta, e que se ajunta embaixo de uma ideologia mais idiota do que todos eles juntos, o que apenas comprova suas burrices iniciais.

E qual o melhor lugar pra encontrar gente dessa estirpe?

Internet, óbvio. Mais especificamente, o Orkut. <sarcasmo>O fato de que a grande maioria dos usuários são brasileiros é mera coincidência, claro</sarcasmo>.

Vocês que dispõe de acesso ao sistema de rede de relacionamentos já devem ter esbarrado com muitas comunidades que têm como tema principal alguma faceta da imbecilidade humana. Até eu, que parei de acessar aquele negócio há muito tempo, perdi as contas de quantas vezes vi comunidades que me fizeram perguntar a mim mesmo que tipo de ajuda profissional seus criadores necessitam pra viver como uma pessoa comum.

E o tema recorrente dessa espécie de comunidade são é o preconceito gratuito. Graças a essas comunidades, pessoas comuns podem se sentir mais inteligentes apenas por saber que não participariam de uma asneira ideológica desse calibre.

Então. O Fívio me mandou o link de uma comunidade cujos tópicos, segundo ele, me divertiriam por horas. Cliquei no link. Uma olhadela na imagem da comunidade - uma fotografia de Hitler - não deixava dúvidas sobre o tipo de imbecilidade, egocentrismo e agressividade gratuita a que eu seria exposto.

A comunidade se trata de um antro de neo-nazistas - você sabe, aquele pessoal que sofre de um gravíssimo complexo de inferioridade mas, como teve a (in)felicidade de ter pais "brancos", vê-se apto a mergulhar na ilusão arrogante e superficial de que é realmente melhor do que outras pessoas simplesmente porque suas células pigmentárias são mais preguiçosas do que as de, digamos, um negão moçambiquenho de dois metros de altura.

Os caras não são apenas contra os negros, não - eles também odeiam a miscigenação, e alguns levam sua estupidez aos limites e sugerem que ela deveria ser "banida". Na visão deles, a mistura de raças é parte de um intrincado plano negro de destruição da raça, arram, "pura". Acho extremamente estranha essa opinião, porque a miscigenação é culpa de ninguém mais que os próprios brancos.

Mas parece que os neo-nazistas vêem a História de uma forma diferente. Em sua concepção retardada, os negros africanos do século 15 correram lá pra Londres ou Madri ou Lisboa, marchando com cartazes e implorando pra serem levados pras Américas pra trabalhar pelo resto da vida como escravos. Os europeus, uma gente muito boa e civilizada, negaram-se a ser cúmplices desse absurdo. Os negões, não vendo outra saída, resolveram apelar: os protestantes africanos se algemaram e se jogaram dentro das caravelas européias. Chegando no Novo Mundo, não satisfeitos com as putarias a que já eram submetidos, ofereceram suas filhas para serem estupradas pelos seus senhores, e assim promoveram a terrível miscigenação, sua arma secreta contra a raça branca! Ou seja, a escravidão do período colonial americano não foi nada além de uma intrincada trama negra pela destruição da espécie caucasiana. Sim, sim, isso faz bastante sentido.

Após analisar a comunidade, sua proposta, e as mensagens de alguns membros (estas contendo mais erros gramaticais e pontos de exclamação do que seria necessário para preencher dois porta-aviões), conclui que os usuários da tal comunidade abraçam todas as características descritas no primeiro parágrafo deste texto - e que por isso ganhariam de brinde meu desprezo. "Prato cheio", pensei eu. Juntei-me à comunidade e abri um despretensioso tópico entitulado "Pergunta Simples", e que trazia, surpreendentemente, uma pergunta simples:


A despeito da simplicidade da questão, ela mostrou-se um verdadeiro desafio pros carinhas - a julgar pelas respostas que os manés deram, que em nada têm a ver com a pergunta, e que deixam transparecer que os panacas sequer entendem por que odeiam negros tanto assim. Transcrevo aqui o festival de babaquice que seguiu minha pergunta tão elementar.

Renato Aguirre, um racistinha que se define no orkut como hispânico/latino (Contradição? Não, imagina!), arriscou a primeira resposta que desencadearia uma avalanche de estupidez:


E tenho dito! Não há países africanos de primeiro mundo, e LOGICAMENTE isso significa que os habitantes desses países são inferiores! Faz bastante sentido, se você desconsiderar o fato de que não faz sentido nenhum. Após ler esse disparate, voltei ao perfil do cara curioso pra saber em que capital européia ele morava. Mas o orkut parece estar com defeito, pois ao invés de exibir Berlim, Oslo ou Genebra, o sistema lá diz que o cara mora em Santos. Há essa altura do campeonato, Renato já deve ter contatado seus advogados (todos arianos, não tenho dúvidas) para mover uma ação judicial contra essa rede de mentiras que é o orkut. Como eles se atrevem a insinuar que Renato mora num país de terceiro mundo?!

Mas uma coisa pôde ser aproveitada no post. Renato destruiu minhas antigas superstições de que o sucesso de um país está relacionado diretamente com sua economia, política, relações estrangeiras, relevância industrial, produção de bens exportáveis... Não, não. Tudo errado. Segundo o Sr. Aguirre, que deve ter escrito esse post entre a entrega de um Pulitzer e seu horário de almoço na Nasa, um país é bem sucedido em proporção inversa à quantidade de melanina que seus habitantes tem na pele.

Sinto cheiro de mais um Nobel pro Renato.

Certo. Vamos adiante.


O post acima foi deixado ao nosso deleite por um usuário anônimo, que engrossa as fileiras de uma nova qualidade de covardes: aqueles que não têm coragem de assumir as próprias convicções nem mesmo na internet. Segundo o incógnito, a raça branca tem uma "devida história de evolução" - foi só uma expressão de efeito, porque explicação que é bom não tem -, e que ela é considerada a "raça criadora". Eu não tenho muita certeza sobre o que isso significa - porque "raça criadora" não faz absolutamente sentido nenhum - mas aposto que na cabeça o anônimo, é uma verdade absoluta induvidável.

Vou fazer de conta que "raça criadora" significa a etnia que deu origem a todas as outras, porque acho que foi esse o sentido que o animal tinha em mente quando mandou o post sem identificação. Nesse caso, o moleque está - surpresa!! - errado. A primeira raça de humanos no planeta surgiu na África, e da última vez que verifiquei, não há arianos puros por lá.

Em seguida o maluco fala algo sobre "fatos genéticos", o que me deixou muito curioso. O que diabos é um "fato genético"? Vou pular essa, até porque ele não citou nenhum "fato genético" que comprove ou ao menos torne menos estúpidas as bobagens que ele vomitou no teclado. O que eu posso dizer, entretanto, é que pele branca é uma característica recessiva, ou seja, que se auto-extingue em poucas gerações por serem genes mais "fracos" - é comprovado que brancos têm uma resistência mais baixa a certas doenças, como câncer de pele. Se evolução prova alguma coisa, é que - ao menos geneticamente - os brancos é que são inferiores.

Em seguida, o neo-nazista citou o livro de Hitler - embora tenha insinuado que é legal demais pra escrever o nome do livro corretamente (é KEMPF, e não Kampf) - mas não deu nenhuma razão sequer pra corroborar a opinião de que o livro explicaria alguma coisa. O que o cara basicamente escreveu foi "ahn, pretos são bobocas, você é burro porque não admite, e se lesse o livro de um austríaco afetado que perdeu a guerra e se suicidou há quase sessenta anos atrás entenderia. Mas eu não sei do que estou falando e vou ficar por aqui mesmo, omitindo esse post de qualquer opinião inteligente."

Em seguida, outro anônimo dá sua opinião:


O que o cara quis dizer, trocando em miúdos, é que negros são inferiores porque são feios. E eu aqui achando que os caras eram arrogantes e superficiais! De onde será que tirei isso? Espero que os skinheads perdoem minha opinião claramente equivocada.

Infelizmente, a pessoa foi medrosa demais para atrelar seu próprio perfil à mensagem. Podemos apenas imaginar a beleza quase celestial do autor do post.

Então chegou Dirk Zobiak, que é a propósito o único caucasiano de Salvador, pra dar seu apoio intelectual aos racistas:


O post do soteropolitano, entitulado "raça criadoura", explica que o mundo atual é um fruto da cultura branca. Espero que ele esteja mentindo, porque se isso for verdade tenho vergonha de ser branco. Em seguida ele menciona "valores brancos", algo que muito me surpreendeu, porque eu estive sendo branco nos últimos vinte anos e nunca fui informado de nenhum valor. Infelizmente o Dirk, assim como todos os outros racistas que deram sua contribuição no tópico, fez a afirmação com valor exclusivamente dogmático - ou seja, ele não pode provar o que fala, mas é assim e pronto.

Depois ele diz que não discutirá superioridade - o que dá margem à pergunta, "o que diabos você está fazendo no meu tópico então?" -, mas que negros viviam guerrilhando entre si. Claro, beligerância é uma característica EXCLUSIVAMENTE negra! Nós, brancos, nos envolver em guerras?! Nããão... que é isso, chefia! Dirk cita novamente os misteriosos "valores e princípios brancos", e novamente omite-se a nomear um sequer. Eu me daria por satisfeito com ao menos um!

Por último, diz que os negros "culpam os brancos por sua mazelas". É, mané. Se sua raça tivesse sido arrancada à força da seu país pra trabalhar de graça pra um povinho preguiçoso, num doloroso processo que demorou mais de 200 anos pra chegar ao fim mas cujas consequências ecoam até hoje, talvez você pensasse diferente.

E o tópico continua lá, sem nenhuma resposta válida que explique exatamente por que um branco é melhor que um negro. Vou fazer uma aposta arriscada e supor que, de duas umas: os racistinhas simplesmente não tem motivo pra preconceito e não sabem o que estão falando, ou o dano cerebral que alguns desses coitados os impedem de explicar um ponto coerentemente.

Você decide.

Friday, May 27, 2005

Pro viado do Fívio :*

Se tem uma coisa que eu realmente odeio nesse planeta, além de tomates, é gente burra. Se existe uma coisa pior do que gente burra, é gente burra que pensa ser esperta, malandra, melhor que os outros. E, finalmente, a pior coisa do mundo - sem margem de competição - é aquele grupinho de gente burra que pensa ser esperta, e que se ajunta embaixo de uma ideologia mais idiota do que todos eles juntos, o que apenas comprova suas burrices iniciais.

E qual o melhor lugar pra encontrar gente dessa estirpe?

Internet, óbvio. Mais especificamente, o Orkut. <sarcasmo>O fato de que a grande maioria dos usuários são brasileiros é mera coincidência, claro</sarcasmo>.

Vocês que dispõe de acesso ao sistema de rede de relacionamentos já devem ter esbarrado com muitas comunidades que têm como tema principal alguma faceta da imbecilidade humana. Até eu, que parei de acessar aquele negócio há muito tempo, perdi as contas de quantas vezes vi comunidades que me fizeram perguntar a mim mesmo que tipo de ajuda profissional seus criadores necessitam pra viver como uma pessoa comum.

E o tema recorrente dessa espécie de comunidade são é o preconceito gratuito. Graças a essas comunidades, pessoas comuns podem se sentir mais inteligentes apenas por saber que não participariam de uma asneira ideológica desse calibre.

Então. O Fívio me mandou o link de uma comunidade cujos tópicos, segundo ele, me divertiriam por horas. Cliquei no link. Uma olhadela na imagem da comunidade - uma fotografia de Hitler - não deixava dúvidas sobre o tipo de imbecilidade, egocentrismo e agressividade gratuita a que eu seria exposto.

A comunidade se trata de um antro de neo-nazistas - você sabe, aquele pessoal que sofre de um gravíssimo complexo de inferioridade mas, como teve a (in)felicidade de ter pais "brancos", vê-se apto a mergulhar na ilusão de que é realmente melhor do que outras pessoas simplesmente porque suas células pigmentárias são mais preguiçosas do que as de, digamos, um negão moçambiquenho de dois metros de altura.

Os caras não são apenas contra os negros, não - eles também odeiam a miscigenação, e alguns levam sua estupidez aos limites e sugerem que ela deveria ser "banida". Na visão deles, a mistura de raças é parte de um intrincado plano negro de destruição da raça, arram, "pura". Acho extremamente estranha essa opinião, porque a miscigenação é culpa de ninguém mais que os próprios brancos.

Mas parece que os neo-nazistas vêem a História de uma forma diferente. Em sua concepção retardada, os negros africanos do século 15 correram lá pra Londres ou Madri ou Lisboa, marchando com cartazes e implorando pra serem levados pras Américas pra trabalhar pelo resto da vida como escravos. Os europeus, uma gente muito boa e civilizada, negaram-se a ser cúmplices desse absurdo. Os negões, não vendo outra saída, resolveram apelar: os protestantes africanos se algemaram e jogaram dentro das caravelas européias. Chegando no Novo Mundo, não satisfeitos com as putarias a que já eram submetidos, ofereceram suas filhas para serem estupradas pelos seus senhores, e assim promoveram a terrível miscigenação! Sim, sim, isso faz bastante sentido.

Após analisar a comunidade, sua proposta, e as mensagens de alguns membros (contendo estas mais erros gramaticais e pontos de exclamação do que seria necessário para preencher dois porta-aviões), conclui que os usuários da tal comunidade abraçam todas as características descritas no primeiro parágrafo deste texto - e que por isso ganhariam de brinde meu desprezo. "Prato cheio", pensei eu. Juntei-me à comunidade e abri um despretensioso tópico entitulado "Pergunta Simples", e que trazia, surpreendentemente, uma pergunta simples:


A despeito da simplicidade da questão, ela mostrou-se um verdadeiro desafio pros carinhas - a julgar pelas respostas que os manés deram, que em nada têm a ver com a pergunta. Transcrevo aqui o festival de babaquice que seguiu minha pergunta tão elementar.

Monday, May 09, 2005

The truth about Super Mario

Mario: the ultimate bad guy

- Fuck you all!

If you were a kid during the glorious 90s, you must've played Super Mario World - unless of course you lived in a shoebox. Super Mario World was one the most fun games ever created, except for the all-time favorite "let's kick that obnoxious little kid in the head" game. I was very good at that one, I must say. They never got me. Well, there was this one time...

Anyways, Super Mario World.

All those years we were led to think Super Mario was a hero, the Princess was in distress and Bowser was a son of a bitch. We were wrong.


- Fuck, Izzy. Are you sure?! Cause if you're not...

I'm positive, Butt-Ugly Baby. Mario was in fact the dirtiest motherfucker in the whole Dinosaur World, or whatever the fuck that shithole was called. The Princess was, in fact, a whore. That's right. I'm sorry to break the news like this but, well, I'm really not. She was a whore, period. And Luigi... Luigi was the stupid guy who had no clue what the fuck was going on around that place. You could see that very clearly in his face.


Someone who doesn't have a fucking clue

I'm very convinced the only reason anyone has ever played with Luigi is cause they felt bad for the little dude and decided to give him a chance. The hope he could finally be usefull in the game went down the drain when Luigi got killed over and over again by falling in a bottonless pit somewhere in the Second Map. Fuck, why didn't that stupid bastard just jump?

As I was saying, Mario wasn't a hero at all: he, in fact, was a goddamn troublemaker. Try to see this thru a different perspective:


You have a castle and you're there, minding your own business. All of a sudden this fat dude with a mustache that covers his entire jaw shows up, and he wants to take over.


So, You decide to do what every modern chief-of-state does to stop enemy invasion: Send out flying turtles to kick the invader's butt and preserve your realm, of course. Even if that means killing the guy, fuck it. It's self-defense. Hell, he started it.

But flying turtles, as IMPRESSIVE as they might sound (fuck, dude. Look -> How fucked up is that!?), were no match for the plumber who could jump. Mario kicked everyone's butts and eventually blew up the poor dude's castle, for no reason whatsoever. I can imagine the Turtle King enjoying a nice hot bath in his turtle bathroom. Next thing he knows, this little dude is trashing his place, something he built from scratch with hard labor, slave work and IRS fraud.

Asides from his infamous terrorist acts, Mario was well known for his taste for mushrooms. Everytime he had one, he got taller (which is pretty much an analogy for "high", since he got higher than he was before he ate the damned thing). Not only a terrorist, but also a junkie. What an example. And to think I grew up playing that shit...

(Hm, that'd explain lots of things...)

So basically the game consisted in Mario walking around ruining everyone's shit, roaming around the maps mounted on Yoshi and getting high in the process. Luigi didn't have a clue about his brother's dark schemes. To be honest, the poor bastard didn't have a clue about pretty much anything. He probably had ADD or something, and since there was no Ritalin in the Dinosaur World, there was not much he could do besides follow his brother aimlessly. Talk about a tough place.

Eventually Mario would get to Bowser's castle, which was the last one cause he ruled so much. Bowser's efforts to protect the little whore, i mean, Princess Peach from the plumber were futile: Mario was the toughest dude around. He'd kill Bowser and force the whore, sorry, the Princess to marry him in a bizarre ritual that envolved more mushrooms and some crappy 16 channel mono MIDI music. And then, only then, Mario would be nice for a change (just cause we're all seeing) and we'd all think he would be a nice husband to the Princess, I mean whore. As soon as those two got home, domestic violence started.

What a sad, sad story.