Tuesday, June 28, 2005

Prévia pro K-max

Existem poucas coisas que me põem medo na vida. Escuro, alturas, tomates, gravidez da namorada e RÁQUERES. Como todo outro blogueiro nerd, minha vida praticamente depende do meu computador; o pensamento de que algum malaco das artes informáticas pode muito bem chutar a porta dos fundos da minha máquina e aloprar o conteúdo dela é de congelar as fezes dentro do intestino. Sempre preferi distância do arquetipo "terrorista virtual", em minha concepção esse é o tipo de gente com quem eu prefiro não brincar. Quem tem cu (ainda que digital) tem medo.

Então. Por idos e vindos no orkut, fui contatado por um tal senhor Vinícius "K-Max". Como alguns de vocês devem saber, K-Max atingiu notoriedade no ano passado (ou no começo deste ano, seu cu que eu vou lembrar datas) pela sua obra de arte - o cara sequestrou trocentas comunidades no orkut, deixando a sociedade internérdica com cuequinhas molhadas e gerando cinquenta e três mil scraps furiosos por dia no perfil do maluco. O hacker não estava interessado em maldade, no entanto: a estripulia foi apenas para provar pro mundo que o orkut combinado ao IE oferece a mesma segurança que um cofre construído inteiramente com papel machê e cuspe. Aliado ao MrManson, que escreveu uma matéria sobre o caso e catapultou K-Max a notoriedade, o cara conseguiu mais divulgação ainda pro seu feito. Assim, vendeu a idéia com uma prova que convenceria até mesmo o fã mais ardoroso do Google e da Microsoft.

Mas então. No auge da putaria todo, quando praticamente o orkut inteiro falava sobre a artimanha do caar, eis que o próprio K-Max aparece do nada nos meus scraps, dizendo que gostava do HBD. Fiquei desconfiadíssimo, com medo do cara já estar passeando por dentro do meu HD. E pensava "porra, esse cara deve invadir servidores da NASA pelo Game Boy dele, o que diabos ele tá querendo comido?" Como já disse, quem tem cu tem medo.

Mas meu medo foi infundado. O cara era apenas leitor do blog e queria manter contato comigo. Acabamos nos tornamos amiguinhos de MSN e tal.

E foi aí que conheci melhor esse rapaz que pôs medo e ódio nos corações dos orkutistas. E uma das coisas que aprendi é que K-Max move há meses uma guerra silenciosa contra o Fotolog.net - que apesar de ser um serviço grande e tudo mais, ainda não conseguiu frear os avanços do ráco brazuca. Entre suas safadezas estão um script MALAQUÍSSIMO que rouba os logins alheios e permite qualquer mané (como eu, quando ele me passou o link da parada) a invadir o flog de alguém, e outro que posta mensagens em centenas de milhares de flogs internet a fora. Este segundo foi desenvolvido no intuito de se aproveitar da abrangência do fotolog.net pra divulgar eventos, sites, seja lá o que for. Tudo de uma forma brasileiríssima - ou seja, se dar bem nas costas dos outros usando esperteza superior às deles.

Então o cara precisava testar a parada. Numa conversa por MSN, ficou acertado que ele jogaria o link do HBD no negócio, só pra ver se o negócio funcionava.

E como funcionou. Bati meu recorde de visitas únicas, que antes estava estacionado em 1808 e agora catapultou pra mais de seis mil. Nos últimos três dias, tive mais visitas do que na semana passada inteira. E, claro, arrecadei o ódio gratuito de algumas centenas (por que não milhares) de fotologueiros desavisados, que não sacaram o que estava acontecendo, como pode ser conferido nos comentários aí.

E não tem como culpar o K-Max por odiar floggers. TODOS os ignóbeis que me adicionaram no MSN pra me xingar trocaram metade dos caracteres do teclado por GIFs piscantes epiléticos, que demoravam um bom tempo pra carregar e arrastavam o funcionamento da minha máquina. Tipo, procê ter uma idéia do drama, uma mina substituiu a palavra "foto" por uma câmera animada IMENSA, quase o dobro do tamanho de um ícone da área de trabalho. Nem com muita boa vontade tinha como manter uma conversa com a menina. Era mó gatinha, mas foi bloqueada e deletada assim que percebi que ela também havia trocado suas risadas "rsrsrs" por similares animadas que provavelmente mandariam mais crianças japonesas pro hospital que um episódio de Pokemon.

Incrível como as pessoas de mau gosto são atraídas pela internet. Acho que a anonimidade que a WWW oferece dá uma excitada nas suas escrotices latentes, e o indivíduo se sente livre pra fazer certas coisas que no mundo real não passariam em branco sem um soco no nariz. Na época do mirc era as letras alternando maiúsculas e minúsculas, depois chegaram os blogs com seus GIFs piscantes, que finalmente migraram pro MSN. O que virá depois? Calças boca-de-sino e cabelos afro-black-power-Jackson-5-Reginaldo-Rossi voltarão às ruas? Dá medo só de pensar.

Gente sem senso de ridículo assim merece ser zoada por todos os dias de sua insignificante existência, desculpa mesmo.

Feio? Anti-ético? Imoral? PROCESSO?

Obrigado, obrigado, obrigado, OBRIGADO.

Monday, June 27, 2005

test

Sunday, June 26, 2005

Teste

Boliche pode ser considerado um esporte? Embora a atividade inclui muitas características que geralmente configuram um esporte, como bolas, sapatos especiais e gente muito revoltada porque está levando uma surra no placar, boliche não é exatamente um negócio muito, digamos, "esportivo". Você pega uma bola, dá três passos e arremessa em direção de pinos no fim de uma pista de madeira. Aí você joga um dos pés pro lado - movimento que é uma marca registrado do boliche - e coça a bunda com a mão livre. Há algum grau de habilidade envolvida no negócio, mas daí a considerar como esporte há uma grande distância. Pô, até pra catar piolho é necessário um certo nível de habilidade, e isso não faz do meu pente fino um equipamento esportivo. Por outro lado, se até xadrez e curling são considerados esporte, talvez boliche também seja.

Não preciso explicar pra ninguém o que é xadrez (ou ao menos ESPERO que não precise), mas tenho certeza que ninguém aí sabe o que é curling. Alguém já chegou pra você e perguntou "Ei, você sabe o que é curling?" Aposto que o desespero bateria se essa situação acontecesse com você num futuro próximo, porque não há nada pior que alguém perguntar pra você o que é curling quando você não sabe o que é curling.

Então: você sabe o que é curling?

Curling!


Claro que não sabe, afinal você não mora no hemisfério norte. Curling é um tipo de coisa que só mesmo canadense poderia ter inventado, e apenas outros canadenses podem considerar um esporte sério. Curling define-se como a arte de arremessar uma pedra polida de uns vinte quilos que vai deslizando através de metros e metros de gelo, tentando se aproximar o máximo possível do centro de um alvo desenhado no chão. Mas não é só isso! Aparentemente (não tenho certeza, porque sempre que um jogo de curling começa na TV eu paro de prestar atenção e vou fazer algo mais produtivo como arremessar minhas gavetas pela janela), os competidores podem jogar suas pedras contra as dos oponentes, tirando-as do alvo. Ou seja, é quase um jogo de bola de gude no gelo.

Apenas "quase". A real natureza desse passatempo canadense vem à tona após uma análise mais cuidadosa, e você não perceberá os detalhes se não usar uma lente de aumento igual aquelas que vinha em pacotinhos de salgadinhos Elma Chips no começo dos anos 90.

O time de curling é composto - até onde sei - de três participantes. Um deles arremessa a pedrona. Agora é que vem a parte legal: os outros dois, munidos de vassouras, vão varrendo o gelo logo a frente da pedra, porque supostamente isso causa algum efeito mágico que é essencial para a trajetória de uma pedra imensa de vinte quilos deslizando com atrito desprezível numa superfície de gelo. Os varredores, que também deve acreditar em Papai Noel e políticos honestos, pensam que sua tarefa de varrer o gelo corresponde a um fator crucial no desempenho do arremessador.

Curling é, resumindo esses dois parágrafos, enxugar gelo fazendo de conta que isso é um esporte.

Ou seja, se até ISSO é considerado um esporte, boliche há de ser também. E se for, é apenas mais um deles em que sou um fracasso. Descobri isso no fim de semana passado.

A patroa e seu amigo semi-viado de infância, Casey, vieram aqui em casa no último sábado. Eles queriam fazer algo diferente. Um deles sugeriu que fôssemos jogar boliche no Neb's, um centro recreativo aqui perto. Respondi que minha agenda já estava cheia de atividades para aquela tarde, e completei dizendo que estava ocupado naquele exato momento. Os dois insistiram, então não tive escolha senão guardar o maçarico, desamarrar o Bubbles (o gato da vizinha) e segui-los.

Chegamos lá após quinze minutos de caminhada. Eu já tinha visto o lugar na minha ida pra escola, mas nunca tinha entrado lá. O prédio do Neb's fica imponentemente localizado no meio do nada, rodeado por árvores e esquilinhos. Uma placa imensa no topo do prédio, que se assemelha com um galpão imenso de três andares, anuncia ao visitante as atrações do estabelecimento: boliche (o que me pareceu ser o carro-chefe do lugar), camas elásticas, pistas de kart, sinucas, bares, arcades e algumas outras coisas que a tinta descascada na placa transformou um mistério para mim e os outros. A promessa era de muita diversão, pois fazia tempo que eu não ia a um boliche, camas elásticas, pistas de kart, sinucas, bares, arcades e algumas outras coisas.

Uma vez dentro do lugar, a primeira opção foi o tal boliche. Pagamos os cinco dólares da admissão e fomos pegar os sapatos especiais. Sim, porque boliche é algo extremamente profissional e o não-uso do equipamento adequado pode provocar ferimentos gravíssimos, como uma unha quebrada ou, Deus o livre, duas unhas quebradas. Assim sendo, a utilização dos ridículos sapatos de boliche é imperativa.

Não tive fiz firula. Ao contrário da Becca e do Casey, que passaram horas caçando sapatos que combinassem com a cor de seus olhos ou suas meias, pus no pé o primeiro par que minhas mãos alcançaram. Suponho que o sapato que eu escolhi era antes utilizado em botes salva-vidas, para facilitar que aviões de resgate sobrevoando a área a dez quilômetros de altitude localizassem vítimas de naufrágios. Minha teoria é a única explicação para a fosforescente combinação de azul-piscina com rosa-choque do sapato, além do fato de ele ser feito quase inteiramente de borracha lisa e de eu ter encontrado algas marinhas dentro dele. Também digno de nota era o terrível odor de gato morto que o sapato emanava de suas entranhas. O chulezão era um negócio de virar as tripas mesmo. Antes de calça-lo, fiz o que pude para segurar o sapato sem enfiar os dedos na parte interna, com medo de pegar alguma doença exótica.

Por um momento pensei em remover dos meus pés aquele atentado às córneas alheias, receoso de que a extravagante combinação de cores fosse também uma ofensa à minha masculinidade. Mas aí me lembrei que se preocupar com cor de sapato é que é coisa de boiolas (igual os cornos dos pais de vocês, não esqueçam), então fiquei com aquela horrorosidade mesmo.

Aí...